BLOC CULTURAL,

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domingo, 21 de abril de 2019

España a ras de cielo -Ernesto Cardenal ,. - PLANETA CALLEJA - DOMINGO -28- ABRIL ,./ Ochéntame otra vez - Ditadura militar, uma ferida aberta na aldeia Ocoy,.

TITULO: España a ras de cielo -  Ernesto Cardenal  ,. , - PLANETA CALLEJA - DOMINGO -28- ABRIL ,.




 España a ras de cielo  ,.
 
 España a ras de cielo es un programa de televisión emitido por TVE y se estrenó el 17 de septiembre de 2013. Desde el primer programa, está presentado por Francis Lorenzo Martes a las 22h30,.
 El programa permite conocer lugar de España desconocidos y ya conocidos desde otro punto de vista. , etc.


PLANETA CALLEJA - DOMINGO -28-ABRIL ,.
 
 
  Planeta Calleja es un programa de televisión de España que se emite cada domingo a las 21:30, en Cuatro de Mediaset España,. Jesús Calleja enfrentará a rostros conocidos a vivir experiencias únicas e irrepetibles fuera de su contexto habitual y en los lugares más remotos y fascinantes ., etc.
 
 Ernesto Cardenal,.

Não há liberdade para que eu diga algo, na Nicarágua estamos em uma ditadura”,.

O poeta e sacerdote nicaraguense Ernesto Cardenal, de 94 anos, recuperado após ficar 16 dias hospitalizado, elogia o papa Francisco e lamenta o extravio de Ortega,.


O poeta e sacerdote Ernesto Cardeal, em sua casa de Managua na passada quinta-feira.
foto / O poeta e sacerdote Ernesto Cardeal, em sua casa de Managua na passada quinta-feira.

Pedir um nacatamal − prato típico da Nicarágua à base de milho, carne, legumes e arroz que se cozinha envolto em folhas de bananeira − quando acaba de sair do hospital depois de 16 dias de internação é, no mínimo, um sinal de força. E estar lendo três livros ao mesmo tempo é um sinal de lucidez. O típico mau humor garante que Ernesto Cardenal, poeta, sacerdote, revolucionário, continua em forma aos 94 anos, em plena Quinta-Feira Santa.
− A esta altura, o que é, para o senhor, uma revolução?
− Por que me pergunta? Procure em um dicionário. Já escrevi sobre isso em La Revolución Perdida [“a revolução perdida”]. Para que vou repetir as coisas, não tenho mais nada para dizer, não quero.
Que Cardenal não gosta de entrevistas − ele sempre deixou claro − é a primeira coisa que avisa ao me cumprimentar, recém-despertado de um cochilo enquanto lia Viaje al Centro de la Fábula (”viagem ao centro da fábula”), de Augusto Monterroso, escritor guatemalteco que estudou com ele. Além disso, repousam em uma mesa um livro em inglês sobre a fé e outro sobre misticismo, que ele exibe com orgulho. “Sou místico”, apressa-se em lembrar Cardenal sobre uma das características que moldam a história do autor de Vida Perdida e Epigramas. Os livros, diz, são sua fonte de inspiração. “Só escrevo poemas quando tenho algo a dizer, escrevi o último há duas semanas. Neste momento não estou escrevendo nada, estou lendo para ver se escrevo algo depois.”
Cardenal me recebe com sua eterna camisa branca camponesa, bermudas e um apito pendurado no pescoço. Sua tradicional boina negra está guardada, e de sua espessa barba restam alguns pelos no queixo. Ao lado da grande poltrona de couro em que ele está sentado há um andador, um móvel com livros e uma cama de hospital que convive com uma rede azul, onde costuma descansar. Até chegar a este canto da casa, praticamente em frente ao lugar onde viveu até recentemente o escritor Sergio Ramírez e a poucos metros de onde também viveu a escritora Claribel Alegría, há pôsteres com lembranças da época da revolução e muitas das esculturas que Cardenal fez.
O poeta nicaraguense mal admite falar de religião. Sacerdote desde 1965, já não passa a Semana Santa em Solentiname, o arquipélago do Lago da Nicarágua onde escreveu uma de suas grandes obras, El Evangelio de Solentiname (“o evangelho de Solentiname”), e fundou uma comunidade cristã de artistas e pescadores. De lá partiram também alguns dos guerrilheiros que lutaram contra o ditador Anastasio Somoza.
O compromisso político de Cardenal − um dos maiores defensores da teologia da libertação na América Latina e ministro da Cultura durante o primeiro Governo de Daniel Ortega − o colocou em confronto com o papa João Paulo II, que em 1984 o proibiu de exercer o sacerdócio. Um ano antes, durante sua polêmica visita à Nicarágua, Karol Wojtyla repreendeu Cardenal, momento registrado em uma foto que se tornou célebre. O poeta e sacerdote ajoelhou-se diante do Papa no aeroporto de Manágua. Quando foi pegar a mão de João Paulo II para beijá-la, o sumo pontífice a retirou. Quando lhe pediu a bênção, o Papa o apontou com o dedo e disse: “Antes, você precisa se reconciliar com a Igreja”.
A sanção papal se prolongou até meados de fevereiro deste ano, justamente quando Cardenal estava hospitalizado, embora há mais de uma década ele seja um dos maiores críticos de Ortega entre aqueles que um dia foram aliados do presidente. Silvio Báez, bispo auxiliar da arquidiocese de Manágua e voz incômoda do Vaticano, chamado de volta a Roma esta semana pelo Papa em meio a polêmicas, foi visitar o poeta no hospital.
“Não senti nada, porque a sanção não me afetou”, diz Cardenal. “Nunca fui sacerdote para administrar sacramentos, para fazer casamentos, comunhões. Não é uma grande coisa para mim. Meu sacerdócio é diferente, é pastoral. Eu me tornei sacerdote pela união com Deus, é algo místico”, explica. Apesar das opiniões contraditórias que o papa Francisco provoca na Nicarágua devido à posição do Vaticano a favor do diálogo com Ortega − algo a que Cardenal de opõe −, o escritor tem uma ótima imagem do sumo pontífice: “Ele é uma maravilha, um milagre de Deus. Não age como um Papa, está fazendo uma revolução na Igreja e no Vaticano”.
Sobre a infecção renal que o manteve mais de duas semanas no hospital, à beira da morte, garante: “Bem, estou bem... mas estou chateado! Não posso sair, não posso fazer nada!” − grita, em parte pela surdez típica da idade, mas também pela irritação que a situação de seu país lhe provoca. Porque aquilo de que não quer falar é o que mais o irrita. “Não posso lhe dizer nada que seja relativo à política da Nicarágua. Já faz bastante tempo que não posso falar, é claro que isso me afeta, sou um perseguido político. Não há liberdade para que eu diga algo, estamos em uma ditadura”, desabafa, embora há um ano tenha escrito um texto reconhecendo a luta dos jovens e recordando um verso que escreveu durante a ditadura de Somoza e que se tornou atual: “Levantem-se todos, os mortos também!”. E, apesar da insistência, não tem jeito: “Não me faça essas perguntas, já lhe disse que não posso falar porque não há liberdade”. No final, resolve responder: “Bom, uma revolução é mudar as coisas”.
 

 TÍTULO: Ochéntame otra vez -Ditadura militar, uma ferida aberta na aldeia Ocoy  ,.

  Jueves -25- ABRIL  a las 22:35 en La 1, foto.

 

Ditadura militar, uma ferida aberta na aldeia Ocoy,.

Violações sofridas pelos Avá-guarani durante a construção da usina de Itaipu são recontadas no cotidiano da aldeia. Povos indígenas temem pelo futuro sob Bolsonaro e planejam mobilização,.

Crianças da etnia avá-guarani, na aldeia Ocoy.
Crianças da etnia avá-guarani, na aldeia Ocoy. Cimi
As marcas deixadas pela ditadura militar ainda são uma ferida aberta na memória da aldeia Ocoy, uma comunidade de indígenas Avá-guarani localizada em São Miguel do Iguaçu, a quase 600 quilômetros de Curitiba, no oeste do Paraná. Há décadas, os xeramõi — lideranças espirituais da etnia — repetem a mesma história para as novas gerações. Nas escolas ou nas casas de reza, contam como viram suas terras serem engolidas pelas águas da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, uma obra emblemática da política desenvolvimentista da ditadura militar. Os relatos daquela época são reproduzidos pelos mais jovens com imagens das ocas incendiadas e pressões violentas para expulsar os "parentes" da área que seria ocupada pelo megaempreendimento. O Governo adotou subjetivos "critérios de indianidade" para determinar quem teria direito à terra e reconheceu apenas cinco das doze famílias da região como tradicionalmente indígenas. O projeto desenvolvimentista, cuja construção começou em 1973, culminou em um êxodo da etnia a outros Estados do Brasil e ao Paraguai.

"É triste quando os nossos xeramõis contam o que presenciaram, todo mundo fica emocionado", diz o cacique Celso Ocoy. Ao longo dos anos, parte dos avás-guarani que emigraram voltou para as áreas do entorno da terra tradicional, próximo ao que era o Rio Paraná. O curso do rio foi interrompido pela obra, criando o lago artificial Itaipu. Nas margens dele, vive esta comunidade indígena. A Ocoy é uma das três reservas guaranis reconhecidas pelo Governo. Seus 251 hectares, porém, já não são suficientes para a comunidade de cerca de 800 indígenas que vivem ali. "A gente sofre muito com o espaço. Não tem espaço pra moradia", conta o cacique. Rodeada por plantações de soja, a aldeia se vê espremida no território para onde foram provisoriamente deslocados na época da construção da usina e lá ficaram, contraindo doenças e vivendo em condições cada vez mais difíceis. "Antes tinha ainda mato, alguma coisa para caçar. Hoje mudou totalmente", lamenta o cacique Celso.
"Os xeramõi contam a história da nossa aldeia para os alunos porque não pode se perder o que o nosso mais velho presenciou de violência. Levamos a história deles na nossa luta", diz o cacique. A ditadura militar brasileira via os indígenas como empecilho para o desenvolvimento que almejava, com a realização de grandes obras e aberturas de estradas. Adotava uma política assistencialista aos povos tradicionais, muitos deles incorporados na realização das obras sob o argumento de integrá-los à sociedade. Em nome deste desenvolvimento, o regime foi deixando um rastro de massacres, doenças, torturas e remoções forçadas em comunidades indígenas pelo Brasil. Segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade, concluído em 2014, mais de 8.000 indígenas foram assassinados no período militar (1964-1985) — uma conta que o país ainda não conseguiu reparar.
Indígenas avá-guarani na Aldeia Ocoy.
Indígenas avá-guarani na Aldeia Ocoy. Cimi Sul
A comissão estima que cerca de dez etnias desapareceram por culpa ou omissão da ação do Governo militar. E há casos emblemáticos de violação, como por exemplo o dos Waimiri Atroari, que foram massacrados durante a construção da BR-174, na década setenta. Dos 3.000 indígenas que havia antes da obra, restaram 350. Os yanomami, um dos povos mais isolados do Brasil até hoje, tiveram suas terras invadidas por garimpeiros no período com o aval do regime. Já os indígenas Avá-Canoeiro, do Tocatins, foram capturado por órgãos públicos federais e expostos em uma fazenda em um quintal cercado.
Comissão da Verdade estima a morte de 8.300 indígenas no país durante o regime militar
Ao investigar o caso dos Avá-guarani, a Comissão da Verdade derrubou a narrativa de que o Governo havia sido generoso ao reconhecer 251 hectares à etnia. Estudos do Governo indicavam à época que os indígenas ocupavam apenas 34 hectares antes da construção da reserva, um dado considerado inverídico até mesmo por funcionários da Itaipu ouvidos pela comissão. O relatório final reconhece que os indígenas foram alvo de violações que envolvem um intenso esbulho de suas terras e que, no final, as comunidades ficaram com um território bem menor do que ocupavam.
A ditadura aboliu a demarcação nas regiões fronteiriças em nome da "segurança nacional", e os grupos de trabalho politizados sequer reconheceram os indígenas como tais. Hoje, a usina de Itaipu desenvolve uma série de projetos de apoio à agricultura, à pesca e à cultura dos indígenas Avá-guarani. Mas o fato é que, naquela época, em conflito pela colonização agrícola e por Itaipu, os indígenas tiveram uma série de direitos violados. Um ex-funcionário da usina chegou a entregar à comissão imagens nas quais funcionários comemoravam os incêndios que causavam nas aldeias. Essas imagens, no entanto, não foram incluídas no relatório final. "A gente sabe da história que aconteceu aqui no oeste do Paraná. Nossos parentes foram tirados, carregados. Mandaram embora mesmo", conta o cacique Celso.
Funcionários da Itaipu comemoram incêndio de comunidade indígena no oeste do Paraná
Funcionários da Itaipu comemoram incêndio de comunidade indígena no oeste do Paraná
Neste ano, a história recontada à exaustão nas últimas décadas pelos indígenas ganhou uma preocupação a mais: a de que o presidente Jair Bolsonaro — o primeiro a defender a ditadura desde a redemocratização — retome políticas que deixaram um alto custo aos Avá-guarani. "Ter um presidente que era militar dá mais preocupação, né?", diz Celso. "Antigamente, a gente sofria muita violência por conta de arma de fogo e facão. O novo governo dá medo de que isso volte, mas a gente está mais preparado que naquela época [da ditadura]. A gente hoje luta com a caneta, pra defender nossos direitos", afirma.
O receio que toma a aldeia Ocoy está ancorado no discurso que o presidente Jair Bolsonaro dissemina desde a campanha eleitoral. Há uma retomada da defesa de uma política desenvolvimentista e da posição contrária às demarcações de terras. "Vamos integrá-los à sociedade. Como o Exército faz um trabalho maravilhoso no tocante a isso, incorporando índios às Forças Armadas", afirmou Bolsonaro em entrevista à GloboNews, em agosto do ano passado, antes de ser eleito. Durante a ditadura, o Governo militar criou as chamadas Guardas Rurais Indígenas, espécie de milícias armadas com revólveres e cassetetes responsáveis pelo policiamento nas aldeias. "Essa foi uma experiência extremamente negativa que não só gerou mais violência como reprodução de certos métodos internos em relação a esses grupos", avalia o procurador Julio José Araújo Junior, que integra o Grupo de Trabalho Povos Indígenas e Regime Militar, da 6ª Câmara do Ministério Público Federal.

O receio com o novo Governo

Indígenas avá-guarani mudam a aldeia Ocoy após inatalação da usina de Itaipu na década de 1980
Indígenas avá-guarani mudam a aldeia Ocoy após inatalação da usina de Itaipu na década de 1980
No primeiro dia após tomar posse como presidente, Bolsonaro publicou a Medida Provisória 870, que transferiu a Funai para o recém-criado Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, além de transferir a questão da demarcação de terras para o Ministério da Agricultura, historicamente dominado por ruralistas e alinhado ao agronegócio. As mudanças geraram forte reação de entidades indigenistas, que acusam as ações do Governo de inconstitucionais, além de considerarem um desrespeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que desde 2004 estabelece consulta prévia aos indígenas para alterações na política indigenista.
"Há um cheiro de que tudo parece novo, mas na verdade [essas iniciativas] tem tudo a ver com um debate que foi derrotado depois da ditadura. Juridicamente, é um projeto que não se sustenta", diz o procurador Júlio Araújo. Isso porque a Constituição de 1988 garantiu aos indígenas não só o direito à demarcação de suas terras tradicionais, mas também o direito de viverem como julgarem pertinente, respeitando a diversidade de organizações sociais nas centenas de etnias que vivem no país. Agora, Bolsonaro ensaia retomar uma lógica integracionista já refutada pela própria carta magna brasileira. "Há uma lógica desses governos de entender o interesse nacional como superior e capaz de subjugar as populações tradicionais em nome de um determinado projeto de desenvolvimento", pontua o procurador.
“Antigamente, a gente sofria muita violência. Agora dá medo de que isso volte, mas a gente está mais preparado. A gente hoje luta com a caneta”
Ao menos 4.000 pessoas de mais de 305 nações indígenas devem participar do Acampamento Terra Livre na próxima semana, entre os dias 24 e 26, tradicional marcha que neste ano protesta justamente contra as medidas anunciadas pelo Governo Bolsonaro, entre elas o esvaziamento da Funai e a municipalização da saúde indígena, o que Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) chama de "clara intenção de desmontar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas". O ministro Sergio Moro (Justiça) já autorizou a da Força Nacional de Segurança Pública durante os dias do acampamento, que acontece há 15 anos no mês de abril (devido à celebração do Dia do Índio, no dia 19 deste mês).
Mas o problema, segundo o procurador, está longe de ser exclusivo ao atual Governo. As tensões sobre as demarcações de terras seguiram em todos os governos desde a redemocratização, e o prazo de conclusão delas de cinco anos, presente no texto constitucional, não foi respeitado. O temor das entidades indigenistas é de que, com o discurso contra as demarcações, os conflitos no campo sejam acirrados e culminem em novas mortes. Desde que a Constituição foi aprovada, há 30 anos, houve avanços em várias pautas indígenas. As demarcações na Amazônia Legal tiveram um alcance significativo, embora as do centro-sul do país tenham encontrado mais resistência. A Funai, que ao longo da história teve uma posição ambivalente, conseguiu construir uma visão sobre a política indigenista para além do assistencialismo. Mas o Brasil ainda está longe de reparar os danos aos povos tradicionais. A Comissão da Verdade que identificou extermínios de povos inteiros não chegou a responsabilizar culpados, mas determinou que as investigações continuem — um desafio para um país que parece ainda tolerante aos crimes cometidos durante a ditadura.

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